4º SENARC: economia vai reaquecer em 2017 e trazer novas oportunidades às empresas

Seminário Nacional de Refeições para a Coletividade da Região Sul foi realizado nesta quinta-feira (27/10) na capital paranaense e teve como destaque a palestra do ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega

Nesta quinta-feira (27/10) Curitiba recebeu o 4º SENARC – Seminário Nacional de Refeições para a Coletividade da Região Sul. O evento, considerado o maior e mais importante do setor no Sul do País, é organizado pelo SERCOPAR (Sindicato das Empresas de Refeições Coletivas e Alimentação Escolar do Paraná) em parceria com o SIERC/RS-SC (Sindicato das Empresas de Refeições Coletivas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina). Com o tema “OPORTUNIDADES”, o Seminário mostrou que mesmo que o mercado esteja ultrapassando um momento de crise, devemos ter otimismo nos negócios e vislumbrar novos nichos, segmentos, lançar produtos e serviços.

Carlos Humberto de Souza, Presidente do Sercopar, reafirmou a importância do SENARC para contribuir no dia a dia do planejamento das empresas. “O momento ainda é delicado. No entanto, muitas vezes, as ameaças do mercado é que nos apresentam novos caminhos para a inovação e o crescimento. Trouxemos grandes nomes para inspirar os empresários e os profissionais a buscarem novas oportunidades. Elas estão aí para todos”, diz.

O jornalista e editor executivo de economia da Gazeta do Povo, Guido Orgis, marcou presença no SENARC e recebeu, das mãos do Presidente do Sercopar, uma homenagem em reconhecimento ao seu importante trabalho. “A informação é a base para a construção de uma sociedade mais digna e humana. É importante reconhecer o trabalho da imprensa não só por informar os cidadãos, mas por contribuir diretamente para o crescimento do mercado e da economia”, disse Carlos Humberto de Souza.

“Nós sobrevivemos a maior recessão da história do país. A crise nos deixa mais resilientes e fortes. Meu conselho aos sobreviventes é que possamos aproveitar tudo o que este momento de adversidade nos ensinou para de fato transformarmos o país. Recebo esta homenagem em nome de toda a imprensa, pois sabemos da responsabilidade da informação, que impacta diretamente na nossa vida”, falou Guido.

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Palestras

Simone Galante, da Galunion, falou sobre “Cenário atual dos negócios de alimentação: algumas tendências e insights”. Segundo ela, as pessoas estão confundindo refeição saudável com dieta. “Não são sinônimos”, garante. Dados apontam que 73% das pessoas buscam um cardápio mais saudável, mas apenas 19% faz regime. “O perfil do consumidor muda constantemente. As novas gerações têm hábito de comer fora e, por isso, têm uma visão mais sofisticada do mundo em relação a alimentação”. E como o principal sustento da expansão deste mercado está na renda disponível e na confiança do consumidor, a crise é um grande desafio.

Diante disso, muitos restaurantes e empresas do ramo mudaram seus preços e criaram novas oportunidades para se manter no mercado. “A ordem em que a comida é organizada em um buffet, por exemplo, é muito importante. Um estudo nos mostrou que 68% das pessoas costumam pegar os 3 primeiros itens do buffet, interferindo no custo do serviço. Além disso, se o nome de um Pudim de Chocolate for trocado por Pudim de Chocolate Aveludado, a chance dele ser consumido aumenta consideravelmente. Tudo é questão de estratégia”. Outro desafio do setor, segundo a palestrante, é construir e manter o volume de vendas, além de contratar e reter bons profissionais. “Quando a equipe se relaciona, ela se relaciona com a cultura. Você precisa de pessoas que representem a cultura para prestar um bom serviço”.

Diógenes Lucca, fundador do GATE – Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar, falou sobre “Conflitos, Estratégias e Negociações: como transformar a pressão em sucesso”. Lucca criou uma ponte entre o mundo dos negócios e sua experiência como policial durante os anos em que comandou a tropa de elite, sem jamais fracassar na perseguição de um acordo com sequestradores armados para a liberação de reféns. Segundo ele, as negociações corporativas, principalmente aquelas desenvolvidas sob forte pressão por resultados, pedem um negociador qualificado e preparado. “Essa é a regra do jogo. A credibilidade é a melhor arma em uma negociação”.

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Tudo o que está acontecendo no país serve como um bom território de observação para aquilo que é mais importante em uma negociação. “O bom negociador afirma, ele não leva a negociação com o estômago. E este momento serve para afinar nossa capacidade de negociação. A harmonia e o entendimento não acontecem de modo natural. Entre nós, é mais natural o conflito do que a harmonia. Nesse sentido, o território para negociação é amplo. A pessoa se torna mais tolerante, escolhe melhor a exposição de ideias, torna-se mais observadora. O bom negociador tenta pensar com a cabeça do outro, sabe os valores, os princípios da outra pessoa. Ele tem todas as informações. É assim que deve acontecer no mundo corporativo para tornar o negócio mais competitivo. Se você não sabe de tudo, o seu concorrente pode saber. O embate precisa ser sempre justo e equilibrado”, complementa o palestrante.

Para Diógenes, uma negociação é sempre baseada em problemas. “Tem que ir devagar e ter todas as informações. Quando somos vítima de agressão é comum a escalada emocional, mas não se deve fazer isso. Não vai prosperar. Manter o controle é vital para o negociador. Diante do erro recue, desculpe-se. E se prometeu, cumpra o combinado. Potencial, competência, desempenho e comprometimento são requisitos que movem uma empresa”, acrescentou Diógenes. Para ele, o líder tem papel fundamental e lidera pelo exemplo na tropa. “Ele está sempre junto da equipe nas operações e não delega responsabilidade, só tarefas”, finalizou.

A terceira palestra foi com Marielle Rieping, Consultora do SEBRAE PR, que falou sobre oportunidade para negócios. “Inovação é palavra de ordem para empresas que querem estar sempre à frente. Diferente do que muitos pensam, inovação nem sempre está relacionada com tecnologia. Minha recomendação é estar sempre de olho nas tendências, buscar por informações do perfil consumidor e redução de custos. Mas não podemos esquecer que tendências também têm prazo de validade. São os serviços de inovação que conduzem o mercado”, disse.

Palestra Magna

O Ex Ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, trouxe boas notícias ao público do SENARC. Para ele, o fundo do poço na economia já chegou e 2017 deve ser um ano melhor. No entanto, as grandes mudanças devem acontecer somente em 2019/2020, quando o país eleger seu novo presidente. “O último governo inseriu nosso país numa rota de desastre. Mas minha projeção indica um crescimento de 1,5% para o próximo ano. No entanto o mercado ainda vai sofrer um pouco. Hoje o IBGE anunciou 12 milhões de desempregados e os empresários só vão retomar as contratações quando estiverem convictos de que a recuperação veio para valer, que não é algo momentâneo”, disse.

Maílson destacou ainda que o Brasil tem uma base industrial muito complexa e diversificada, perdendo apenas para a China. “As oportunidades estão aqui, não lá fora. São Paulo é a maior cidade industrial da Alemanha que está fora da Alemanha. Assim também acontece com a Suécia. Nenhuma cidade da Suécia tem tanta empresa sueca como São Paulo tem. Precisamos ficar de olho nas oportunidades do nosso mercado. Os juros começaram a cair, o câmbio já se mostra mais favorável. Hoje temos mais reserva do que devemos. Estamos falando em 372 bilhões de dólares para um débito de 320 bilhões”, disse. O palestrante ainda reforçou que o país está entre as 10 maiores economias do mundo, representando a metade da economia da América do Sul.

O grande desafio para o país, segundo Maílson, é ganhar mais produtividade e proporcionar educação de qualidade. “O Brasil gasta com educação mais do que a Alemanha e os Estados Unidos. Falta liderança, falta gestão. Quem sabe tenhamos uma boa surpresa em 2018. No meu ponto de vista, são três os nomes para Presidente: Serra, Alckmin e Aécio. Só se elege Presidente da República se for um nome nacionalmente muito conhecido. Não tem como ser diferente. Mas não vamos ter um Presidente Excepcional”, comenta.

Se houver reformas, aí sim nosso país entra numa era de produtividade. “As empresas vão investir mais e vamos caminhar para frente. Pode dar errado? Sim, se elegermos um aventureiro! Não podemos esquecer de que a situação de hoje é fruto de uma má gestão. Estamos saindo deste fundo do poço, mas a confiança ainda vai demorar a se restabelecer. Temos tudo para um processo de renovação. Não podemos desistir do Brasil”, finalizou o ex ministro.

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